A GEOPOLITICA CHINESA: DIPLOMACIA MILENAR, ECONOMIA RESILIENTE E A ASCENSÃO COMO POTÊNCIA GLOBAL

Roberto Carvalhal
4 min readJan 2, 2025

--

A China, com sua história de mais de cinco mil anos, possui uma tradição milenar de diplomacia e uma cultura profundamente enraizada na sabedoria e planejamento de longo prazo. Este legado cultural e estratégico tem moldado seu papel no cenário global, permitindo que o país se posicione como um estabilizador em um mundo cada vez mais fragmentado. Hoje, a ascensão da China não é apenas um reflexo de sua rica história, mas também de sua capacidade de navegar com eficácia pelos desafios econômicos, políticos e estratégicos contemporâneos.

O papel da diplomacia milenar chinesa

A diplomacia chinesa, ancorada em conceitos como o “Mandato do Céu” e a “Harmonia Universal”, sempre buscou preservar a estabilidade interna e externa. Desde a antiga Rota da Seda até a atual Iniciativa do Cinturão e Rota, a China demonstra sua habilidade em construir pontes econômicas e culturais, expandindo sua influência de forma pacífica e estratégica.

Enquanto os EUA e seus aliados da OTAN promovem uma ordem global cada vez mais fragmentada, a China assume o papel de “adulto na sala”. Sua abordagem pragmática e a recusa em se envolver em sanções unilaterais a tornam um ponto de referência para países em busca de estabilidade. A diplomacia chinesa se apresenta como a antítese do estilo combativo do Ocidente, atraindo apoio em regiões da Ásia, África e América Latina.

A ascensão econômica chinesa

Ao longo dos milênios, a China manteve uma posição de destaque no comércio global. Durante a Dinastia Tang, por exemplo, o país era o centro econômico do mundo. Hoje, a economia chinesa é a segunda maior do planeta, com um PIB nominal de aproximadamente US$ 19 trilhões em 2024. Mais de 120 países têm a China como seu principal parceiro comercial, evidenciando sua centralidade nas cadeias globais de suprimentos.

A desglobalização impulsionada por políticas protecionistas dos EUA e a quebra das cadeias de suprimentos têm beneficiado a China, que se adaptou rapidamente às mudanças. Empresas chinesas, como Huawei, Alibaba e BYD, estão se expandindo globalmente, ocupando lacunas deixadas por empresas ocidentais. Enquanto isso, os setores empresariais dos EUA, que lucram significativamente com o mercado chinês, resistem às pressões para hostilizar Pequim.

A crise de confiança na ordem global

A crescente desconfiança em relação à OTAN e à liderança dos EUA tem levado investidores a buscar refúgio no ouro, considerado um ativo seguro em tempos de instabilidade. O aumento das sanções unilaterais pelos EUA tem gerado temores globais, especialmente entre países emergentes, que veem o sistema financeiro americano como um instrumento de coerção. Além disso, a dívida pública dos EUA, que ultrapassa US$ 33 trilhões, levanta dúvidas sobre a sustentabilidade de seus títulos, contribuindo para a corrida pelo ouro.

A política externa americana, marcada por intervenções militares e hostilidade a organismos multilaterais, é percebida como caótica e contraproducente. Em contraste, a China adota uma postura de longo prazo, priorizando parcerias estratégicas e estabilidade global.

Trump e o paradigma chinês

A liderança de Donald Trump, descrita pelos estrategistas chineses como a de um “valentão da quinta série”, oferece à China oportunidades para explorar as deficiências da abordagem americana. Enquanto Trump promove políticas baseadas em ataques a organismos multilaterais e na escalada de tensões, Pequim se posiciona como um líder confiável e pragmático.

Setores empresariais nos EUA reconhecem os benefícios de uma relação econômica com a China e resistem a medidas mais drásticas de confronto. Enquanto isso, o modelo chinês de governança, que impede desvios de recursos públicos em larga escala, contrasta com a crescente corrupção entre o setor privado e público nos EUA, especialmente no complexo industrial-militar.

A sabedoria milenar chinesa: um projeto de longo prazo

A abordagem estratégica da China é profundamente influenciada por sua filosofia milenar. Inspirada em obras como “A Arte da Guerra” de Sun Tzu, Pequim planeja suas ações com décadas de antecedência, ao contrário do modelo ocidental, que muitas vezes é impulsionado por ciclos políticos curtos. Essa visão de longo prazo permite à China ocupar gradualmente os vácuos de liderança deixados pelos EUA e fortalecer sua posição como potência global.

Conclusão

O mundo está em uma encruzilhada. À medida que a confiança na ordem liderada pelos EUA diminui, a China se posiciona como um agente estabilizador e uma alternativa viável. Com uma economia resiliente, uma diplomacia baseada na sabedoria milenar e uma visão estratégica clara, Pequim continua a expandir sua influência global. Em um cenário de tensões crescentes, a ascensão da China é um lembrete de que, em tempos de crise, a paciência e o planejamento de longo prazo podem superar o caos e a volatilidade.

#GeopolíticaChinesa #DiplomaciaMilenar #EconomiaGlobal
#ChinaEmergente #NovaRotaDaSeda #Desglobalização
#OuroComoRefúgio #OTANEmCrise #AscensãoChinesa
#EconomiaResiliente #SabedoriaMilenar #LiderançaGlobal
#TrumpVsChina #FilosofiaEstratégica #MercadosGlobais

--

--

Roberto Carvalhal
Roberto Carvalhal

Written by Roberto Carvalhal

Publicitário, articulista, livre pensador

No responses yet