APAGAMENTO SOMBRIO DO SUDÃO

Roberto Carvalhal
6 min readMay 29, 2023

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Kush (Etiópia-Sudão), onde começou o antigo egito (Kemet), e hoje as potências ocidentais tentam um Apagamento sombrio do Sudão, tranformando essa importante nação africana como se fosse um reino árabe, em um notável apagamento histórico.

Os povos do Nilo geraram os faraós e a civilização da Patria-mãe, Kemet

O inventário arqueológico e a história do Sudão, destacando sua importância como berço da antiga civilização egípcia (Kemet) e abordando a questão do apagamento sombrio do Sudão por potências ocidentais.

O Sudão é um país com uma história rica e complexa, que remonta a milhares de anos. Localizado na região nordeste da África, o Sudão é conhecido por abrigar algumas das mais antigas e impressionantes ruínas arqueológicas do continente africano. No entanto, muitas vezes a história e o patrimônio arqueológico do Sudão são negligenciados ou minimizados em relação a outras civilizações antigas, como o antigo Egito.

O Sudão é uma região de extrema importância para o estudo da pré-história e da civilização humana. Escavações arqueológicas revelaram uma série de assentamentos antigos, cidades e templos que datam de períodos pré-históricos até o surgimento da civilização egípcia. Um dos locais mais famosos é a antiga cidade de Napata, que foi a capital do Reino de Cuxe. Napata abriga uma série de pirâmides e tumbas reais, que são testemunhas da grandeza e do poder desse reino africano.

Além de Napata, o Sudão também abriga a antiga cidade de Meroé, considerada a capital do Reino de Cuxe após Napata. Meroé é famosa por suas pirâmides características, semelhantes às do Egito, mas com um estilo próprio. Essas estruturas majestosas são um testemunho da influência mútua e das conexões entre as antigas civilizações egípcias e sudanesas.

O Sudão desempenhou um papel crucial no desenvolvimento da civilização egípcia (Kemet). A região, conhecida como Núbia, era rica em recursos naturais, como ouro, incenso e pedras preciosas, e servia como um importante centro comercial e cultural. A interação entre os povos núbios e egípcios foi constante ao longo dos séculos, com influências mútuas na arte, arquitetura e religião.

No entanto, a história e a herança do Sudão muitas vezes foram ofuscadas por um apagamento sombrio perpetuado por potências ocidentais. Durante o período colonial, o Sudão foi subjugado por forças estrangeiras, que muitas vezes se concentraram apenas nos aspectos do antigo Egito, ignorando ou menosprezando a rica história e cultura sudanesas. Essa narrativa eurocêntrica contribuiu para a marginalização do Sudão e de suas contribuições para a história da humanidade.

Felizmente, nos últimos anos, tem havido um esforço crescente para reavaliar e valorizar a história e o patrimônio do Sudão. Arqueólogos sudaneses e internacionais estão trabalhando juntos para documentar, preservar e divulgar as descobertas arqueológicas do país. Instituições de pesquisa e museus estão se dedicando a promover a riqueza da herança sudanesa, desafiando o apagamento histórico e cultural do Sudão, essas iniciativas buscam reverter a narrativa dominante e resgatar a importância do Sudão como um berço da civilização humana.

Uma das áreas em que esse esforço é evidente é na divulgação e promoção do turismo arqueológico no Sudão. Com a abertura de sítios arqueológicos e museus, os visitantes têm a oportunidade de explorar as ruínas antigas, apreciar a arte e a arquitetura únicas e aprender sobre a história fascinante do Sudão. Essas experiências proporcionam uma perspectiva mais abrangente sobre a interconexão das civilizações antigas e destacam a contribuição do Sudão para a história global.

As antigas pirâmides do Sudão…

Além disso, pesquisadores sudaneses e internacionais estão trabalhando em colaboração para decifrar e compreender as inscrições e hieróglifos encontrados nas paredes dos templos e tumbas. Esses esforços têm contribuído significativamente para expandir nosso conhecimento sobre a história e a cultura do Sudão, bem como para reconhecer as contribuições sudanesas para o desenvolvimento da escrita e da linguagem.

No entanto, é importante reconhecer que o apagamento histórico do Sudão não é um fenômeno isolado. Muitas culturas e civilizações fora do âmbito eurocêntrico têm enfrentado desafios semelhantes de marginalização e sub-representação na narrativa histórica dominante. É crucial que sejamos conscientes dessas disparidades e trabalhemos para corrigir essas injustiças, valorizando e preservando a diversidade cultural e a riqueza histórica de todas as regiões do mundo.

Portanto, é fundamental promover a conscientização e a valorização da história do Sudão, bem como de outras culturas e civilizações não ocidentais, para construir uma narrativa mais inclusiva e precisa sobre a história da humanidade. Isso requer esforços contínuos de pesquisa, educação e colaboração entre diferentes comunidades e países, para que possamos apreciar e aprender com a vasta diversidade cultural e histórica que nosso mundo tem a oferecer.

As ruinas de Kerma, a primeira cidade do mundo antigo

Kerma, a mais antiga cidade

A cidade de Kerma é considerada uma das mais antigas do mundo e desempenhou um papel fundamental na história do Sudão e da região da Núbia. Localizada às margens do Rio Nilo, no atual Norte do Sudão, Kerma foi o centro político, econômico e cultural do Reino de Cuxe durante o período pré-dinástico e no Reino Médio.

Kerma floresceu entre os anos 2500 a.C. e 1500 a.C., e sua ascensão foi impulsionada pela riqueza da região em recursos naturais, como ouro, cobre e pedras preciosas. A cidade era um importante centro comercial, conectando a África subsaariana ao Mediterrâneo, e suas rotas de comércio estendiam-se até o Egito Antigo.

Restos de antigos pilares de Kerma

A cidade de Kerma foi caracterizada por seu planejamento urbano avançado. Ela era cercada por uma muralha defensiva maciça, construída para proteger seus habitantes e riquezas. No centro da cidade, encontrava-se uma área de elite, onde se localizavam os palácios dos governantes de Cuxe e outras estruturas administrativas. Kerma também era conhecida por suas habitações em forma de colmeia, construídas com tijolos de barro e telhados de palha.

Um dos aspectos mais notáveis de Kerma são suas tumbas reais. A cidade abriga uma série de complexos funerários, conhecidos como “deffufas”, que eram estruturas monumentais usadas para abrigar os túmulos dos reis e rainhas de Cuxe. Essas deffufas são impressionantes em sua arquitetura e tamanho, e algumas delas rivalizavam com as pirâmides egípcias em termos de grandiosidade.

A riqueza e o poder de Kerma fizeram dela um importante centro de influência política e cultural na região. Durante o Reino Médio, Kerma entrou em conflito com o Egito Antigo, que tinha interesse nas riquezas do Sudão. Esses conflitos culminaram na ocupação e na influência egípcia sobre Kerma durante um período conhecido como “Domínio de Kush”.

Embora a cidade tenha enfrentado a dominação egípcia, Kerma manteve sua identidade e independência cultural. Os reis de Cuxe, baseados em Kerma, governaram a região com sua própria língua e tradições culturais distintas. Kerma continuou a ser um centro importante até o surgimento da cidade de Napata, que posteriormente se tornaria a capital do Reino de Cuxe.

Hoje, as ruínas de Kerma são um importante sítio arqueológico que tem sido objeto de estudo e escavações por pesquisadores sudaneses e internacionais. Essas descobertas têm contribuído para uma melhor compreensão da história antiga do Sudão e da influência da cidade de Kerma no desenvolvimento da civilização no Vale do Nilo.

A cidade de Kerma, com sua longa história e importância cultural, é um testemunho do rico patrimônio do Sudão e serve como uma lembrança poderosa da complexidade e diversidade da história humana.

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Written by Roberto Carvalhal

Publicitário, articulista, livre pensador

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