Racismo estrutural na sociedade brasileira: um olhar a partir dos dados sobre policiamento e drogas em São Paulo

Roberto Carvalhal
3 min readJun 21, 2024

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Quando o Estado oprime a sua população em detrimento da suposta supremacia branca

O racismo estrutural é uma realidade persistente e devastadora na sociedade brasileira, impactando diversas esferas da vida social, econômica e política. Esse fenômeno se manifesta de maneira evidente no sistema de justiça criminal, particularmente nas práticas policiais e judiciais relacionadas ao uso e tráfico de drogas. Dados recentes revelam a profundidade do problema e expõem a discriminação racial no tratamento dado a diferentes grupos étnicos pelo sistema de justiça.

A Discriminação Racial no Policiamento de Drogas

Uma pesquisa conduzida pelo Centro de Estudos Raciais do Insper revelou que a cor da pele é um fator determinante no enquadramento de indivíduos como traficantes ou usuários de drogas pela polícia de São Paulo. Em casos de apreensão com pequenas quantidades de maconha, 31 mil pessoas pardas e pretas foram classificadas como traficantes, enquanto brancos em situações similares foram tratados como usuários. Esse número é alarmante, suficiente para lotar pelo menos 40 dos 43 Centros de Detenção Provisória (CDPs) masculinos no estado de São Paulo.

Implicações da Discriminação Racial

A diferença no tratamento de brancos e negros pela polícia não é apenas uma questão de justiça criminal, mas também um reflexo do racismo estrutural que permeia a sociedade brasileira. O enquadramento desproporcional de negros como traficantes tem várias consequências graves:

Desigualdade na Aplicação da Lei: O tratamento desigual viola o princípio de igualdade perante a lei e perpetua um ciclo de criminalização da população negra.

Superlotação Carcerária: O encarceramento em massa de negros contribui para a superlotação dos centros de detenção, agravando as condições desumanas das prisões.

Marginalização e Estigmatização: Ser classificado como traficante tem implicações sociais e econômicas duradouras, marginalizando ainda mais os negros e dificultando sua reintegração social.

Reprodução de Desigualdades: A discriminação no sistema de justiça reforça e perpetua outras formas de desigualdade racial, incluindo acesso a emprego, educação e saúde.

Raízes Históricas e Sociais do Racismo Estrutural

O racismo estrutural no Brasil tem raízes históricas profundas, remontando ao período colonial e à escravidão. A abolição formal da escravidão em 1888 não foi acompanhada de políticas efetivas de integração social e econômica para os ex-escravos, deixando um legado de exclusão e discriminação. Esse histórico de injustiça social criou um sistema onde a cor da pele continua a ser um determinante crítico do tratamento que as pessoas recebem das instituições estatais.

Caminhos para a Superação do Racismo Estrutural

Enfrentar o racismo estrutural exige uma abordagem multifacetada e um compromisso sustentado de toda a sociedade. Algumas medidas essenciais incluem:

Reforma do Sistema de Justiça Criminal: Implementar políticas que garantam a aplicação justa das leis, independente da cor da pele, e rever as práticas policiais e judiciais discriminatórias.

Educação e Sensibilização: Promover campanhas de sensibilização sobre o racismo estrutural e a importância da igualdade racial, além de incorporar a educação antirracista nos currículos escolares.

Políticas de Inclusão Social: Desenvolver políticas públicas que visem a inclusão social e econômica dos negros, garantindo igualdade de oportunidades em todas as áreas.

Monitoramento e Responsabilização: Criar mecanismos de monitoramento e responsabilização para práticas discriminatórias, assegurando que abusos de poder sejam punidos.

E finalmente a conclusão é;

O racismo estrutural é uma questão crítica que afeta profundamente a sociedade brasileira. Os dados sobre a discriminação racial no tratamento de casos de drogas pela polícia de São Paulo ilustram apenas uma faceta desse problema. Combater o racismo estrutural requer uma transformação profunda das instituições e das atitudes sociais, um compromisso com a justiça e a igualdade que deve ser sustentado por toda a sociedade. Só assim será possível construir um Brasil verdadeiramente igualitário, onde todos os indivíduos tenham acesso às mesmas oportunidades e sejam tratados com a dignidade e o respeito que merecem.

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Written by Roberto Carvalhal

Publicitário, articulista, livre pensador

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