SUPREMACIA BRANCA ELEITORAL DO BRASIL

Roberto Carvalhal
4 min readJun 6, 2021

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A carência de representatividade no Poder dos negros brasileiros

*Roberto Carvalhal

Os negros brasileiros representam a maioria da população do país, segundo o IBGE. 56,10% dos brasileiros se declararam negros. O grupo reúne pretos e pardos, mas são poucos os que ocupam cargos de decisão. No Congresso, temos 2 senadores negros, Paulo Paim e o ex-jogador Romário, e, na Câmara, o número é maior de deputados negros, mesmo assim não representa a maioria do retrato brasileiro. Isso não é nem de longe a representação visível de nossa composição étnica, e a falta da representatividade nos torna reféns aqueles que defendem os privilégios históricos. De uma certa forma, os negros no Brasil terceirizam a sua representatividade em nomes que apenas seduzem, para estes defenderem seus próprios interesses de classe.

O que são estes privilégios? A branquitude, é um local de privilégios do branco: “Branquitude é ter poder, é definir o branco racialmente através dos seus privilégios. Na perspectiva da história, o branco e sua identidade racial são construídos historicamente ao mesmo tempo em que ele se invisibiliza enquanto a raça e passa a racializar o outro. Assim, o branco não é raça, não é cor; o outro que é o preto, o mestiço, o aborígene, o indígena . Ao se tornar universal por conta da sua construção social ao logo dos anos, o branco adquire um superpoder: ser invisível. ”Cito o artigo publicado pela UFRGS (Branquitude: privilégio branco e raiz do preconceito racial).

Algo que incomoda demais, os pretos nos EUA são uma minoria com cerca de 35% da população e se destacam exponencialmente naquela sociedade notadamente racista. Aqui, recentemente, um “Manifesto dos presidenciáveis ​​pró-democracia” elencou os nomes dos presidente políticos Ciro Gomes (PDT, candidato derrotado em 2018), Eduardo Leite (PSDB, governador do Rio Grande do Sul), João Amoedo (Novo, do partido do partido ), João Doria (PSDB, governador de São Paulo) e Luiz Henrique Mandetta (DEM, ex-ministro da Saúde), além do apresentador de televisão Luciano Huck (sem partido). Esse é o retrato do panteão de homens brancos que, ao fim da Carta, destaca a manjada rota e rasa expressão que diz; “Homens e mulheres desse país que apreciam a LIBERDADE (sic), sejam civis ou militares, independentemente de filiação partidária, cor, religião, gênero e origem, devem estar unidos pela defesa da CONSCIÊNCIA DEMOCRÁTICA (sic). Vamos defender o Brasil. ”

Com essa “consciência” genérica da pluralidade brasileira, esses salvadores da Pátria pretendem corrigir o desvio da nossa Democracia, que, no pleito de 2018, deu uma vitória presidencial ao insignificante proto-fascista Jair Bolsonaro. Sim eles, Mandetta, Huck, Doria, Amoedo e Leite, exceto Ciro Gomes, que foi para Paris, votaram neste que abrevia a cada dia nossa democracia com os rompantes autoritários sistemáticos de nosso dia a dia. Já Lula, começou seu périplo político em Brasília e sequer sabe se há uma pauta com o maior grupo da sociedade, uma comunidade negra.

PIB negro no Brasil

Os negros no Brasil representam 56,10% da população e movimento, em renda própria, R $ 1,7 trilhão por ano **. Se os consumidores negros formassem um país, seria o 11º país do mundo em população, com 115 milhões de pessoas, e 17º país em consumo. Apesar disso, os negros são sub-representados na comunicação - mais de 90% das campanhas publicitárias têm protagonistas brancos, também sub-representados na política, nos ambientes empresariais, entre outros espaços.

A pergunta é: o Brasil é um estado democrático? Claro que não. A cidadania brasileira é apenas o dever do voto e não da participação. A participação que destaco, é a representatividade de nossa pluralidade social. Portanto, entendo que uma sociedade civil organizada precisa estabelecer uma agenda ordinária com os partidos e Congresso, para fazer valer o “Direito à Representatividade”, pois o fim da Carta assinada por estes nomes contempla, de forma genérica, as nossas variáveis ​​sociais e culturais . E o defensor do Brasil, há de se corrigir as desigualdades profundas acumuladas da sociedade brasileira, e isso é esses senhores não veem, porque somos invisibilizados nas esferas de Poder. Portanto, o momento é agora. Eles, e o atual governo, agem da mesma forma, numa política genérica para os problemas complexos do Brasil.

Porém, no último pleito municipal, houve um aumento de ocupantes negros nas cadeiras dos Legislativos. Vale ressaltar que, no Rio, alguns eleitos são ligados como milícias, mas um significativo de eleitos é do campo progressista, foi um reflexo para o crescimento de candidaturas dessa população, em resposta às respostas do Jair Bolsonaro contra os negros do Brasil. Algo claro na sociedade.

E ao fim, chegamos a 470 mil mortos pela Covid-19, com marca diária de 2 mil mortes em 24 horas, tudo potencializado pelo descaso desse governo fascista, com sua política de morte, a necropolítica como conhecida. Uma política de governo, inúmeros personagens dessa administração administrativa com o integralismo e eugenia. O Projeto está em curso e está dando certo. Quando vamos reagir? Somos maioria ou não?

* é publicitário e jornalista, e autor da Petição Contra o Estado Brasileiro na OEA

** A pesquisa A Voz e a Vez - Diversidade no Mercado de Consumo e Empreendedorismo, estudo inédito encomendado ao Instituto Locomotiva pelo Instituto Feira Preta, com apoio do Banco Itaú.

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Written by Roberto Carvalhal

Publicitário, articulista, livre pensador

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