TECNOFASCISMO E À AMEAÇA A DEMOCRACIA
“No Brasil, enfrentamos os efeitos dessa ameaça, o STF está promovendo o programa de “Combate à Desinformação” que foi criado para combater práticas que afetam a confiança das pessoas”
*Roberto Carvalhal
O tecnofascismo é uma tendência preocupante que tem emergido em todo o mundo, à medida que as tecnologias digitais se tornam cada vez mais onipresentes em nossas vidas. O termo “tecnofascismo” refere-se ao uso da tecnologia para fortalecer regimes autoritários, suprimir a dissidência e controlar a população. Essa tendência tem se manifestado de várias maneiras, incluindo a disseminação de propaganda, a vigilância em massa e a censura.
Uma das formas pelas quais a tecnologia tem ajudado o fascismo é através do uso do ódio como engajamento. As redes sociais e outras plataformas online têm sido usadas para disseminar propaganda racista, sexista e xenófoba, muitas vezes disfarçada de “liberdade de expressão”. Grupos fascistas e supremacistas brancos usam essas plataformas para promover o ódio contra minorias étnicas e religiosas, incitar à violência e criar um clima de medo e desconfiança.
Além disso, a tecnologia também tem sido usada para censurar a dissidência e reprimir a liberdade de expressão. Regimes autoritários em todo o mundo estão usando tecnologias de vigilância em massa para monitorar a atividade online e física de seus cidadãos. Essa vigilância é muitas vezes justificada em nome da segurança nacional, mas pode ser usada para monitorar, intimidar e silenciar os críticos do regime. Na China, por exemplo, o governo implantou um sistema de “crédito social” que monitora o comportamento dos cidadãos e recompensa ou pune de acordo com a sua conformidade com as normas estabelecidas pelo Estado.
Outra forma pela qual a tecnologia está ajudando o fascismo é através do cristofascismo, que é o uso da religião como um complemento ao autoritarismo. Em muitos países, regimes autoritários estão cada vez mais recorrendo à retórica religiosa para justificar suas políticas opressivas e reprimir minorias étnicas e religiosas. Na Índia, por exemplo, o governo liderado pelo partido Bharatiya Janata (BJP) tem sido criticado por promover uma agenda hindu nacionalista que busca marginalizar a minoria muçulmana do país. Na Turquia, o presidente Recep Tayyip Erdogan tem usado o islã para justificar sua repressão a oponentes políticos e minorias religiosas.
O tecnofascismo é um desafio urgente que exige uma resposta forte e unificada de governos, empresas e sociedade civil.
No Brasil, enfrentamos os efeitos dessa ameaça, o STF está promovendo o programa de “Combate à Desinformação,” que foi criado para combater práticas que afetam a confiança das pessoas no Supremo com campanhas de ataque que distorcem e alteram o significado das decisões e colocam em risco direitos fundamentais e a estabilidade democrática. É necessário desenvolver soluções que ajudem a prevenir o uso abusivo da tecnologia e promovam os valores democráticos e os direitos humanos. Isso pode incluir a regulação mais rigorosa das plataformas online para combater a desinformação e o ódio, a promoção da alfabetização digital para ajudar as pessoas a entender como a tecnologia pode ser usada para manipular e enganar, bem como o incentivo ao uso da tecnologia para o bem comum e a promoção da democracia e dos direitos humanos.
Também é importante promover a diversidade e inclusão na indústria de tecnologia e garantir que as ferramentas digitais sejam projetadas para atender às necessidades de todos os usuários, independentemente de sua raça, gênero, orientação sexual ou religião. Além disso, governos e empresas precisam garantir que a tecnologia seja usada para promover a transparência e a prestação de contas, e não para reprimir a dissidência e o livre pensamento.
Em última análise, o tecnofascismo é uma ameaça à democracia e aos direitos humanos em todo o mundo. A tecnologia tem o potencial de ser uma ferramenta poderosa para promover a liberdade, a igualdade e a justiça, mas também pode ser usada para suprimir o livre pensamento a dissidência e provocar a repressão. É fundamental que governos, empresas e sociedade civil trabalhem juntos para garantir que a tecnologia seja usada para o bem, e não para o mal.
* é jornalista e Digital Maker